setembro 19, 2009

Filosofia Infernal I

Existe um momento anual em sou assolado por uma enorme tristeza. É quando me vejo obrigado a dormir com calças.

setembro 10, 2009

Os Sacanas dos Velhos

Alguma vez tentaram ultrapassar um idoso, no passeio de uma qualquer rua? Se já, então poderão fazer uma ideia daquilo que vou falar, se ainda não o tentaram, não o façam, sob o risco de ser precipitarem para um abismo de frustração.
Lentos e débeis, são adjectivos que ligamos à generalidade dos velhotes. Mas então porque é uma árdua batalha tentar ultrapassá-los? A resposta é simples; eles andam pelo meio dos passeios. Imaginem um tractor a viajar sobre ambas as faixas de uma estrada, e terão uma ideia.
Apesar de tudo, esse não é o cerne do problema, pois a verdadeira gravidade da situação é introduzida quando subitamente nos apercebemos que os malvados dos velhos oscilam, como um pêndulo enrugado, cheio de artrite, e "apanhado" nos rins.
Considerando estes factos, o simples transeunte vê-se transformado numa espécie de Indiana Jones que tem de calcular com precisão o timing de passagem, como se estivesse prestes a atravessar um corredor com machados gigantes a balouçar de um lado para o outro.



Reconstituição dramática


Contudo tais cálculos estão longe de ser exactos, pois as passadas dos velhos tem o seu quê de imprevisibilidade, como já pude comprovar em pelo menos duas situações constrangedoras, sendo que numa tentei ultrapassar uma velha, para em seguida levar uma panada do seu saco de compras nas canelas, e depois ser projectado na direcção de uma fila de carros estacionados, enquanto que na outra ocasião quase fui horrível e lentamente esmagado entre um casal de velhos e uma parede.
É claro que podia evitar todas estas complicações e chatices, e pedir gentilmente licença para passar à frente dos idosos, só que não o faço, por ter as aptidões sociais do Mr. Bean.
No final de tudo, encontro algum conforto ao pensar que um dia serei eu a empatar os outros, prolongando esse ciclo infinito.

(Recomendo a leitura deste artigo ao som do "King of the Road", dos Fu Manchu).

setembro 01, 2009

O Bigode


O bigode é um símbolo internacional de masculinidade, bem como uma instituição nacional de renome. Muitos foram os homens portugueses que ostentaram orgulhosamente as suas fartas bigodaças durante grande parte do Séc. XX, vivendo em simbiose com esse apêndice peludo, sem recearem pedir uma sopa num restaurante ou expelir a ranho a hipervelocidade, para o passeio.
Essa foi a época áurea do bigode.
Contudo com a chegada do novo século, uma nuvem negra pairou sobre os rostos dos homens de todo o mundo. Um pouco por todo o lado inúmeros bigodes começaram a ser chacinados sem a mínima piedade, salvo uns núcleos resistentes na região arábica, e na Índia.
Mas o pior ainda estava para vir.
Perto do final da primeira década de 2000, começou-se a assistir ao crescimento de um insulto ao bom nome do bigode, um fenómeno grotesco chamado; "o bigode irónico". Por várias cidades, jovens estudantes aderem a esta mania, cultivando um bigode por brincadeira, para provocar uma reacção entre os seus colegas e amigos, nesta situação o bigode passa de um inseparável companheiro de vida a um acessório de moda temporário, uma espécie de caso de uma só noite. Aproveito para pedir ao caro leitor, no caso de se cruzar com um detentor de um bigode irónico, para imediatamente proceder ao apedrejamento desse sujeito.




"Meu, eu pareço um violador. Muita fixe, não é?"



É também importante salientar que o bigode não é uma entidade unidimensional, pode tomar várias formas e transformar-se consoante os diferentes meios. Exemplos:




O "Handlebar"






Celebrizado pelo tipo do American Chopper. Tem o mesmo efeito de 20 ml de testosterona intravenosa.







O "Excêntrico"






Usado por pessoas que não têm qualquer percepção da realidade.







O "Micro-bigode"





Usado por comediantes lendários e por ditadores sanguinários.






Este artigo foi somente uma homage ao bigode, não pretendo criar nenhum movimento revivalista para o trazer das cinzas para o panorama estético actual. Se o bigode voltar em força, que seja de forma natural, e não através do pretensiosismo de certos moços.

Boa noite a todos e como diria o excelentíssimo Arquitecto José Manuel Pereira da Silva: "Aqui não se rebate nada".