setembro 10, 2009

Os Sacanas dos Velhos

Alguma vez tentaram ultrapassar um idoso, no passeio de uma qualquer rua? Se já, então poderão fazer uma ideia daquilo que vou falar, se ainda não o tentaram, não o façam, sob o risco de ser precipitarem para um abismo de frustração.
Lentos e débeis, são adjectivos que ligamos à generalidade dos velhotes. Mas então porque é uma árdua batalha tentar ultrapassá-los? A resposta é simples; eles andam pelo meio dos passeios. Imaginem um tractor a viajar sobre ambas as faixas de uma estrada, e terão uma ideia.
Apesar de tudo, esse não é o cerne do problema, pois a verdadeira gravidade da situação é introduzida quando subitamente nos apercebemos que os malvados dos velhos oscilam, como um pêndulo enrugado, cheio de artrite, e "apanhado" nos rins.
Considerando estes factos, o simples transeunte vê-se transformado numa espécie de Indiana Jones que tem de calcular com precisão o timing de passagem, como se estivesse prestes a atravessar um corredor com machados gigantes a balouçar de um lado para o outro.



Reconstituição dramática


Contudo tais cálculos estão longe de ser exactos, pois as passadas dos velhos tem o seu quê de imprevisibilidade, como já pude comprovar em pelo menos duas situações constrangedoras, sendo que numa tentei ultrapassar uma velha, para em seguida levar uma panada do seu saco de compras nas canelas, e depois ser projectado na direcção de uma fila de carros estacionados, enquanto que na outra ocasião quase fui horrível e lentamente esmagado entre um casal de velhos e uma parede.
É claro que podia evitar todas estas complicações e chatices, e pedir gentilmente licença para passar à frente dos idosos, só que não o faço, por ter as aptidões sociais do Mr. Bean.
No final de tudo, encontro algum conforto ao pensar que um dia serei eu a empatar os outros, prolongando esse ciclo infinito.

(Recomendo a leitura deste artigo ao som do "King of the Road", dos Fu Manchu).

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